No próximo sábado dia 12, no Brasil, é comemorado o "DIA DA CRIANÇA", assim como no dia 1° foi comemorado o 'DIA DO IDOSO' . Como no dia do IDOSO coloquei uma postagem neste BLOG, achei por bem transcrever aqui um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, de hoje, de autoria de Jairo Marques, cujo titulo é como está acima "A criança e o velho'. Parabéns amigo Jairo, pelo artigo .
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O homem vai de pequeno merecedor de absoluta proteção ao idoso pouco festejado e abandonado
Embora menos de
duas semanas separem o Dia do Idoso do Dia da Criança, a distância da
representatividade, da atenção e da comemoração entre as datas é hemisférica.
Para começar, os
presentes. Em busca de agradar e encantar a molecada não se poupa o talão de
cheques, mesmo que borrachudo (bate no caixa e volta ao portador).
São bonequinhas
que dançam o "tcham", jogos eletrônicos sanguinários com gráficos
"maraviwonderfuls". O importante é agradar, despertar um belo sorriso
e garantir alguns dias de sossego aos pais.
O presente para
o velho é diferente. Em realidade, para que presente se ele já teve tudo ao
longo do tempo? "Dá um talco. A vovó adora andar cheirosa." "O
vovô não gosta de nada. Aquela caixa de lenço do ano retrasado, ele nem
abriu."
Ok, deixe-se a
complexidade e o consumismo de lado. O que importa é a lembrança e o carinho
manifestado com a presença no dia especial!
Visitar uma
criança é sempre um prazer. Catar aquele pingo de gente no colo, abraçar, fazer
jurar amor eterno, fazer "guti-guti", tirar mil retratos em poses
inimagináveis.
E o danado corre
para todos os lados, derruba da mesa a panela de macarronada com carne moída e
a família toda cai em gargalhada com a esperteza do herdeiro que é pura energia
e já está na sala puxando o rabo do cachorro.
Ir à casa da tia
octogenária envolve maior organização, tempo e disposição. Ela já não concatena
mais as ideias direito, reclama de dores nos quartos, nas costas e em quaisquer
outros cômodos do corpo.
Tia velha não
gosta de fotografia, porque sempre sai muito feia, então ninguém nem se lembra
de levar a Rolleiflex ou mesmo pedir um "olha o passarinho" para
registrar o momento e postar no "face".
Com as crianças,
a torcida é para que logo comece a falar, mas com os velhos a esperança costuma
ser forte para a boca fechar. A palavra infantil é bonitinha, mimosa,
encantadora. O verbo do idoso é cafona, ultrapassado e repetitivo.
Incrível como um
mesmo "serumano" pode ser protagonista de experiências de
representatividade tão antagônicas no curso de sua história. De pequeno
merecedor de absoluta proteção e carinho ao idoso em abandono, pouco festejado
e raramente respeitado.
O velho para ser
querido e enturmado tem de guardar em si um pouco da aura de infante.
Simplesmente ser velho e levar o cotidiano da forma que bem entender pode abrir
caminho à intolerância.
Já a criança que
manifesta cedo traços de adulto, de velho, "vai ser muito
inteligente" e, provavelmente, terá um futuro brilhante. Vai entender...
Mas o que me
deixa mesmo de boca aberta são essas atuais correntes de pensamento que almejam
encurtar a infância e postergar a velhice.
Para elas,
menino com 12 anos que faça feiura e barbaridades, várias delas geradas pela
própria sociedade, tem de ser ensinado no cárcere.
Em outra
vertente, defende-se que é pouco para alguém ser considerado idoso aos 60. Toca
trabalhar, pegar fila, ter obrigações chatas até os 70, 75. É bom para a
previdência, para a economia, e para quem pode. Quem não pode que dê seu jeito.
Não está fácil
desempenhar papel de gente nesse mundo. Felicidades às crianças, felicidades
aos velhos
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