terça-feira, 14 de outubro de 2008

ARMANDO EIRAS

SARZEDAS DO VASCO


A PICOTA, CEGONHA OU GAIVOTA

Desde a fonte velha até à estrada do Porto da Vila muitas eram as hortas onde se cultivava de tudo um pouco: couves, cebolas, feijões, pepinos, nabos, tomates, pimentos… tudo o que faz falta à alimentação das pessoas.
Há muito tempo que estas hortas deixaram de existir, sendo actualmente locais onde proliferam as ervas daninhas, as silvas e demais vegetação espontânea.
A água excedentária da fonte velha era levada pelo rego, até essas hortas, com já descrevemos em post anterior (restauração da fonte velha). Dizia-se deste tipo de irrigação, que estas propriedades tinham água de pé, isto é não era necessário tirá-la, corria por si. Diremos nós, que corria por gravidade, dado que a cota a que está a fonte, é mais alta, que qualquer outra até ao Porto da Vila.
Nos locais onde não havia água de pé, havia então necessidade de (tirá-la) retirá-la, normalmente do subsolo. Antigamente era normal fazer um poço com mais ou menos profundidade, conforme o local, hoje em dia fazem-se furos artesianos.
Para retirar a água dos poços, antes das motobombas e electrobombas, usava-se a picota.


A PICOTA

A picota é um aparelho rudimentar, de elevar água dum poço para a superfície, normalmente com fins de irrigação das plantações vizinhas.




Conhecida já no tempo dos antigos egípcios (chaduf) foi até muito recentemente, usada de norte a sul do país. Mas não só em Portugal, também em Espanha, França, Grécia, e até no Japão.

Na nossa região era conhecida essencialmente por picota ou gaivota. Mas tinha outros nomes: Cegonha, balança, burra, picanço, saragonha, varola, zabumba, zangarela, bimbarra, variando de região para região.

Tal como o pé-de–cabra ou a tesoura, a picota é uma alavanca inter fixa. Neste caso que permite diminuir o peso do balde cheio de água, que se puxa do fundo do poço.
Constituída por um poste vertical enterrado no chão que é encimado por uma forquilha, onde se coloca a vara, fixada no eixo. Esta vara numa extremidade tem o contrapeso, também este aí fixado, constituído por pedras. No outro extremo tem outra vara, pendurada na vertical, fina e comprida, possível de ser segura entre as mãos. Esta por sua vez tem na ponta inferior uma argola onde se pendura o balde. O contrapeso deve ser tal, que não seja muito custoso levantá-lo, quando se desce o balde vazio, até ao fundo do poço, mas que na situação inversa, seja suficiente para de facto ajudar a retirar o balde cheio de água do poço até à superfície.


Horta resistente

Próximo da fonte velha temos, talvez, a única horta resistente, tanto como os seus donos, também eles, dois resistentes: O Sr. Abel e D. Rosa. Encontramo-los lá, exactamente a tratar dela.
Enquanto o senhor Abel tirava a água com a picota a senhora Rosa regava.
Parabéns aos dois e boa saúde para continuar.
r!--------------------------------------------------------------------------------

O texto e figuras acima são de autoria de meu amigo Armando Eiras, a quem dou os meus parabéns pelo bonito trabalho, e peço me desculpe de ter feito cópia. Ao ver o seu blog, não resisti, amigo Armando, por tratar-se de assunto da nossa Sarzedas do Vasco, de onde somos naturais. Receba o meu abraço,

SALVADOR

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