sexta-feira, 7 de maio de 2010

ENVELHECER

ENVELHECER, CHEGUEI À CONCLUSÃO: É UMA DÁDIVA

Atualmente, é provável que, pela primeira vez em minha vida, sinto-me como a pessoa que sempre quis.

Não, não me refiro ao meu corpo, diante do qual às vezes me desespero, frente às rugas, aos olhos empapuçados, ao cabelo grisalho, ou que já não mais existe.

E, com freqüência, volto ao passado, quando vislumbro aquele antigo vulto em meu espelho (que se assemelha ao meu Pai!), mas estes sentimentos já não me fazem sofrer mais: são passageiros.

Nunca trocaria os meus amigos incríveis, minha vida maravilhosa, minha família adorada, por cabelos menos grisalhos ou uma barriga menos proeminente.

Conforme envelheci, tornei-me mais amável e menos crítico comigo mesmo. Tornei-me o meu melhor amigo

Não me recrimino por ter saboreado aquele docinho a mais, por não ter feito a minha cama, ao acordar, ou por ter comprado aquele enfeite tolo que não precisava, mas que dá um toque de modernidade ao meu jardim.

A minha idade me permite ser excêntrico, a manter tudo fora de ordem, posso ser extravagante.

Testemunhei a partida precoce deste mundo de muitos amigos queridos; e eles não puderam vivenciar plenamente a liberdade grandiosa implícita no envelhecer.

Qual é o problema, se eu decidir ler ou ficar ao computador até as quatro da manhã, e acordar somente ao meio-dia?

Serei meu próprio parceiro na dança, ao ritmo dos sucessos inesquecíveis dos anos 60 e 70, e se, ao mesmo tempo, quiser chorar por um amor perdido... posso fazê-lo.

Caminharei pela praia com um traje de banho, mostrando meuu corpo obeso, e mergulharei no mar despreocupadamente, se assim desejar, apesar dos olhares críticos das pessoas mais jovens. Elas também vão envelhecer.

Sei que algumas vezes me esqueço de algumas coisas. No entanto repito: é melhor que nos esqueçamos de alguns episódios da vida. Outras vezes, recordo-me de coisas importantes.

Com o passar dos anos, é claro, também sofri desilusões. Como não sentir a perda de uma pessoa amada, ou manter-se indiferente diante do sofrimento de uma criança, ou até mesmo quando o bichinho de estimação de alguém é atropelado por um
carro ?

Na verdade, ter o coração ferido, é o que nos dá força, discernimento e compaixão. Um coração que nunca foi ferido é duro, estéril, nunca sentirá a alegria da imperfeição.

Sou, portanto, abençoado por ter vivido tanto, o que me permitiu ver meus cabelos grisalhos,aqueles que ainda existem, e ter as marcas de minha juventude, para sempre gravadas nas profundas rugas de meu rosto. Muitos nunca riram, outros morreram antes de terem seus cabelos grisalhos.

Conforme envelhecemos, é mais fácil sermos otimistas. Preocupamos-nos menos com o que pensam as outras pessoas. Não nos policiamos mais. Temos, até mesmo, o direito de estar errados.

Portanto, gosto de ser idoso. Isto me libertou. Gosto da pessoa na qual me tornei.

Não vou viver para sempre, mas enquanto ainda estiver por aqui, não desperdiçarei tempo lamentando o que poderia ter sido, nem me preocupando com o futuro. Posso agora comer todas as sobremesas que quiser todos os dias (se estiver com vontade).

QUE A NOSSA AMIZADE NUNCA SE ACABE PRINCIPALMENTE PORQUE É VERDADEIRA E PURA! QUE VOCÊ APRESENTE SEMPRE UMA FONTE DE SORRISOS EM SEU ROSTO E EM SEU CORAÇÃO, HOJE, AMANHÃ E SEMPRE.

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Um comentário:

Jorge Correia disse...

Que bela filosofia de vida,Amigo Salvador.Continue assim e eu vou pensar do mesmo modo.Tristezas não pagam dividas.